Tragédia do Voo da Chapecoense (2016): Dossiê Cronológico Completo
Conteúdo | 15/05/2025
Origem e Ascensão da Chapecoense (1973–2016)
A Associação Chapecoense de Futebol foi fundada em 1973 na cidade de Chapecó, oeste de Santa Catarina. Desde cedo, o clube conquistou títulos estaduais e se tornou importante na região. Após um período de crise e quase falência no início dos anos 2000, a Chapecoense iniciou uma recuperação impressionante a partir de 2007. Nesse ano conquistou o campeonato estadual e, em 2009, conseguiu acesso à Série C do Campeonato Brasileiro. A escalada continuou: foi campeã estadual outras vezes e obteve acesso à Série B em 2012 e finalmente à Série A em 2013 . Com isso, em 2014 o clube passou a disputar a elite do futebol brasileiro pela primeira vez desde 1978. Contra todos os prognósticos, conseguiu se manter na Série A em 2014 e 2015, consolidando-se como uma das principais forças emergentes do futebol nacional.
Em 2016, a Chapecoense vivia seu auge esportivo. Conquistou o campeonato catarinense daquele ano após uma campanha sólida (foi o quinto título estadual de sua história) . No Brasileirão de 2016, alcançou 11º lugar, sua melhor colocação histórica na primeira divisão até então . Essa posição honrosa garantiu à equipe vaga na Copa Sul-Americana do ano seguinte. Paralelamente, 2016 marcou a segunda participação da Chapecoense na Copa Sul-Americana, torneio continental de clubes. Até então, nenhum clube do estado de Santa Catarina havia chegado tão longe em uma competição internacional de futebol – a Chapecoense estava prestes a escrever um capítulo histórico.
Campanha Histórica na Copa Sul-Americana 2016
Elenco da Chapecoense posado antes de uma partida da Copa Sul-Americana 2016. O clube catarinense surpreendeu a todos ao chegar pela primeira vez a uma final continental .
A Chapecoense iniciou a Copa Sul-Americana de 2016 como azarã, mas superou adversários tradicionais com muita garra. Na fase nacional brasileira, enfrentou o modesto Cuiabá: perdeu por 1–0 fora de casa, mas se recuperou na Arena Condá com vitória de 3–1, avançando de fase . Nas oitavas de final, o desafio foi gigante: o Independiente da Argentina, heptacampeão da Libertadores. Após dois empates sem gols em Avellaneda e em Chapecó, a vaga foi decidida nos pênaltis. O goleiro Danilo, da Chapecoense, brilhou ao defender quatro cobranças do Independiente, garantindo a classificação heroica para as quartas .
Nas quartas de final, o adversário foi o Junior Barranquilla, da Colômbia. A Chapecoense perdeu o jogo de ida em Barranquilla por 1–0, mas voltou a mostrar força em casa: venceu por 3–0 em Chapecó, com gols de Thiago Thiego, Gil e Ananias, revertendo a desvantagem e avançando à semifinal . Na semifinal, encarou outro gigante sul-americano, o San Lorenzo da Argentina. No jogo de ida em Buenos Aires, a Chapecoense arrancou um valioso empate em 1–1. Na partida de volta, na Arena Condá lotada, o time segurou um empate em 0–0 que, pelo critério do gol fora de casa, foi suficiente para lhe dar a classificação inédita à final da Copa Sul-Americana .
A semifinal teve contornos dramáticos. Nos acréscimos do jogo de volta, o San Lorenzo quase marcou um gol que eliminaria a Chapecoense, mas Danilo fez uma defesa milagrosa à queima-roupa no último minuto . Esse lance garantiu o 0–0 no placar e virou o goleiro em herói da torcida. Dias depois, Danilo declararia que vivia o melhor momento de sua vida. A frase do técnico Caio Júnior naquela noite – “Se eu morresse hoje, morreria feliz” – refletiu a dimensão histórica do feito (tristemente, tornaria-se uma lembrança dolorosa). A Chapecoense estava classificada para sua primeira final internacional, feito inédito para um clube catarinense. O adversário seria o Atlético Nacional de Medellín, da Colômbia. O jogo de ida da final estava marcado para o dia 30 de novembro de 2016, no Estádio Atanasio Girardot, em Medellín, e a partida de volta seria em 7 de dezembro, no Estádio Couto Pereira, em Curitiba (cedido pelo Coritiba, já que a Arena Condá não comportava a final) . Porém, o destino reservaria um desfecho trágico antes mesmo que a bola rolasse nessa final.
O Contexto da Viagem para Medellín
Para disputar a primeira partida da final em Medellín, a Chapecoense organizou uma logística de viagem diferenciada. Como não havia voos comerciais diretos em horário viável, o clube fretou um avião da pequena empresa LaMia, com sede na Bolívia. A ideia inicial era voar diretamente do Brasil para a Colômbia, mas as autoridades aeronáuticas brasileiras (ANAC) negaram autorização para um charter estrangeiro fazer o trecho direto São Paulo–Medellín, conforme regras internacionais que exigem que a operação seja feita por empresa brasileira ou colombiana . Por isso, a delegação dividiu o trajeto: tomou um voo comercial de São Paulo até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e lá embarcou no avião Avro RJ85 da LaMia para seguir até Medellín .
O plano de voo original previa uma escala para reabastecimento em Cobija, no norte da Bolívia, antes de atravessar os Andes até a Colômbia . Entretanto, diversos imprevistos alteraram a programação. Houve atraso na decolagem de Santa Cruz – segundo relatos, um dos jogadores esqueceu um videogame na bagagem e pediu para recuperá-lo, atrasando a partida em cerca de 20 minutos . Com a decolagem tardia, a escala em Cobija foi abortada, pois o aeroporto local não operaria mais naquele horário. Assim, a tripulação da LaMia decidiu seguir diretamente de Santa Cruz até Medellín, sem escalas.
Essa decisão foi altamente arriscada. O jato regional Avro RJ85 (registro CP-2933) tinha autonomia de voo muito próxima da distância total do trajeto. De Santa Cruz (Bolívia) a Medellín (Colômbia) são cerca de 2.960 km – praticamente o limite do alcance do RJ85 sem reabastecimento, deixando mínima margem de combustível . Na preparação do plano de voo, a funcionária Celia Castedo, do órgão boliviano AASANA, chegou a alertar o despachante da LaMia sobre o problema: os tempos de voo e de autonomia de combustível informados no plano eram idênticos (4 horas e 22 minutos), sem sobra exigida nem aeroporto alternativo. Celia apontou a irregularidade e anotou cinco observações no plano, incluindo a falta de combustível de reserva, mas afirmou não ter autoridade para barrar a decolagem . Pressionado, o despachante insistiu que “daria tudo certo” e manteve o plano. O primeiro oficial da AASANA recusou aprová-lo, porém um segundo funcionário acabou aprovando o plano mesmo assim .
No fim da tarde de 28 de novembro de 2016, a delegação da Chapecoense – composta por jogadores, comissão técnica, dirigentes e convidados – embarcou no voo charter LaMia 2933 em Santa Cruz de la Sierra. Ao todo, 77 pessoas estavam a bordo, incluindo 68 passageiros (a maioria da delegação e 21 profissionais de imprensa) e 9 tripulantes . O avião decolou às 18h18 (hora local boliviana) com destino a Medellín . Nenhum reabastecimento adicional foi feito, e a aeronave partiu carregando apenas o combustível calculado para a rota direta.
Detalhes do Voo e do Acidente (28/11/2016)
Na noite de 28 de novembro de 2016, após cerca de quatro horas de voo, o Avro RJ85 aproximava-se do Aeroporto Internacional José María Córdova, que serve Medellín. Às 22h (hora local colombiana), já próximo ao destino, o piloto Miguel Quiroga fez contato com a torre de controle informando que enfrentava “problemas de combustível” e solicitou prioridade para pouso . A controladora respondeu que outra aeronave (voo AV9356 da Avianca) já estava em aproximação emergencial e pediu que o LaMia 2933 aguardasse cerca de 7 minutos em órbita de espera . Pouco depois, o piloto declarou “situação de emergência por combustível”, alarmado com a situação crítica. Às 22h15min (UTC 02h15 de 29/11), a aeronave sofreu falha total elétrica e de motores, resultado da falta de combustível, e desapareceu do radar a aproximadamente 8 milhas do aeroporto .
Minutos antes do desaparecimento, o diálogo gravado na caixa-preta revela a tensão na cabine. Após insistir por um pouso imediato, o piloto exclamou: “LaMia 2933 em falha total, sem combustível!” . A controladora chegou a liberar a pista e alertar os serviços de emergência. A última transmissão captada é o copiloto gritando “Jesus!”, seguida de silêncio . Às 22h15, o avião perdeu sustentação e caiu numa área montanhosa chamada Cerro Gordo, na municipalidade de La Unión, próximo a Medellín .
O impacto destruiu a aeronave. Por não haver combustível, não houve explosão ou incêndio pós-queda, o que aumentou a chance de sobrevivência de alguns ocupantes . Equipes de resgate colombianas acorreram ao local do desastre durante a madrugada. Nas primeiras horas de 29 de novembro, as autoridades confirmaram que, das 77 pessoas a bordo, 71 faleceram e 6 sobreviveram ao acidente . Entre os sobreviventes estavam três jogadores do time (Alan Ruschel, Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto), um jornalista (Rafael Henzel) e dois tripulantes bolivianos (a comissária Ximena Suárez e o técnico de voo Erwin Tumiri) . O goleiro Danilo, inicialmente resgatado com vida, infelizmente não resistiu e faleceu no hospital, elevando o número de vítimas fatais a 71 .
As cenas no local eram desoladoras. A aeronave ficou em destroços dispersos pela encosta. A maioria dos passageiros e tripulantes morreu na hora, vítima de politraumatismo severo . Os seis sobreviventes foram encontrados em meio aos escombros e receberam atendimento de emergência ainda no local antes de serem levados a hospitais da região em estado crítico. A notícia chocou o mundo do esporte e iniciou uma comoção jamais vista, com imediata mobilização para entender o que havia ocorrido naquela tragédia.
Investigações e Causas Oficiais do Acidente
Investigação Colombiana: As autoridades aeronáuticas da Colômbia (Unidad Administrativa Especial de Aeronáutica Civil, Aerocivil) instauraram imediatamente uma investigação técnica. Já em 26 de dezembro de 2016 – menos de um mês após o acidente – foi divulgado um relatório preliminar apontando que não houve falha técnica nos sistemas da aeronave, tampouco qualquer indício de sabotagem ou atentado. Os dados confirmavam que a causa determinante foi falta total de combustível (pane seca), levando ao apagão dos motores em pleno voo . Em outras palavras, o avião ficou sem combustível antes de conseguir pousar. Os investigadores também observaram que não houve explosão no choque ao solo, corroborando a hipótese de pane seca. A Aerocivil anunciou que a análise continuaria aprofundando aspectos operacionais, organizacionais e de supervisão do voo, incluindo planejamento de combustível, tomada de decisões da tripulação e fatores de sobrevivência, com previsão de um relatório final em 2017 .
O relatório final da Aerocivil foi divulgado em 27 de abril de 2018, confirmando em detalhes as causas do desastre. Ficou concluído que a empresa LaMia planejou o voo sem combustível suficiente para uma rota direta entre Santa Cruz e Medellín, descumprindo padrões internacionais de segurança . Calculou-se um déficit de 2.303 kg de combustível em relação ao mínimo obrigatório: o jato decolou com cerca de 9.073 kg, quando deveria ter pelo menos 12.052 kg para voar com folga e prever alternados . Mesmo cientes de que não possuíam autonomia adequada, a empresa e a tripulação optaram por não reabastecer em rota (por exemplo, em Bogotá), prosseguindo no limite extremo de alcance. O relatório também apontou deficiências organizacionais graves na LaMia, incluindo situação financeira precária e falhas no gerenciamento de segurança operacional . Essa cultura organizacional teria levado a tripulação a decisões inadequadas, mantendo o plano arriscado. Os investigadores destacaram que alertas visuais e sonoros de baixo combustível soaram cerca de 40 minutos antes da queda, mas foram ignorados pelos pilotos . Além disso, as declarações de emergência só foram feitas tardiamente à torre, quando o esgotamento de combustível já era iminente – isso contribuiu para o atraso na obtenção de prioridade de pouso. Em suma, o relatório técnico colombiano confirmou que a tragédia foi causada por erro humano e falha de planejamento, agravados por negligência e descumprimento de normas básicas de segurança de voo.
Investigações e Ações na Bolívia: Paralelamente, na Bolívia (país de origem da LaMia), as autoridades adotaram medidas imediatas. Já em 29 de novembro de 2016, um dia após o acidente, a Direção Geral de Aeronáutica Civil boliviana suspendeu a licença de operação da LaMia, proibindo a empresa de voar . O governo boliviano também destituiu altos cargos da aviação civil: o diretor-geral da DGAC e executivos da AASANA foram afastados para investigação . Dias depois, a polícia boliviana prendeu o diretor-geral da LaMia, Gustavo Vargas (que era também um dos donos da empresa e pai de um funcionário da agência de aviação), indiciando-o por homicídio culposo e outros delitos . Investigou-se que seu filho, funcionário da DGAC, pode ter usado de influência indevida na aprovação do plano de voo . Vargas acabaria confessando culpa no caso em 2017. Também foi emitida ordem de prisão contra o co-proprietário da LaMia, Marco Rocha, que fugiu e só foi capturado anos depois .
A funcionária Celia Castedo, que havia alertado sobre o plano de voo irregular em Santa Cruz, tornou-se alvo de investigação na Bolívia sob acusação de não ter impedido a decolagem. Ela, temendo perseguição, deixou o país e pediu asilo no Brasil poucos dias após o acidente . Celia alegou que superiores tentaram coagi-la a alterar seu relatório sobre as irregularidades do plano, e que não esperava receber tratamento justo em seu país. O Ministério Público boliviano expediu ordem de captura contra ela, mas as autoridades brasileiras a acolheram como refugiada política.
CPI e Indenizações: No Brasil, onde o impacto do desastre foi profundo, o Senado Federal instaurou em 2019 uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar responsabilidades e buscar justiça para as vítimas. Após extensos trabalhos, a CPI apresentou seu relatório final em 18 de maio de 2022 . O documento responsabilizou cinco empresas ligadas ao caso: a LaMia (empresa aérea), a corretora Grupo Estratégica, a seguradora boliviana Bisa Seguros e as resseguradoras Tokio Marine e Aon UK . Segundo a CPI, houve indícios de fraude na emissão da apólice de seguro da LaMia, o que contribuiu para a não indenização adequada dos familiares das vítimas. O relatório recomendou a revisão de normas de transporte aéreo para times esportivos e sugeriu mudanças nas leis brasileiras para reforçar a responsabilidade de seguradoras e transportadoras em casos do tipo .
Na prática, as indenizações enfrentaram longos impasses. A apólice de seguro da LaMia, que deveria cobrir até US$ 25 milhões, continha cláusulas e irregularidades que dificultaram o pagamento. Muitas famílias passaram anos sem receber reparação financeira adequada, travando batalhas judiciais em vários países. A CPI de 2022 pressionou essas empresas a honrarem as indenizações devidas. Ainda assim, até 2025, o processo de compensação não estava completamente resolvido, evidenciando a complexidade jurídica internacional do caso.
Os Sobreviventes e Suas Histórias
Seis pessoas sobreviveram ao acidente contra todas as probabilidades. Cada uma carrega marcas físicas e emocionais profundas, e suas trajetórias após 2016 são histórias de resiliência:
- Alan Ruschel (jogador, lateral-esquerdo): Foi o primeiro resgatado com vida. Sofreu graves lesões na coluna e múltiplas fraturas, mas recuperou os movimentos após cirurgias e intensa fisioterapia. Menos de um ano após a tragédia, protagonizou um momento emblemático: voltou a jogar futebol profissional. Em agosto de 2017, Alan entrou em campo pelo amistoso Chapecoense x Barcelona no Camp Nou, na Espanha, recebendo aplausos de pé do estádio inteiro . Sua volta oficial em jogos competitivos ocorreu pelo Campeonato Brasileiro, tornando-se um símbolo do renascimento. Alan seguiu carreira no futebol, capitaneando a Chapecoense em momentos importantes e passando por outros clubes posteriormente, sempre carregando a memória dos colegas perdidos.
- Jakson Follmann (jogador, goleiro): Então com 24 anos, era o goleiro reserva da equipe. Follmann sobreviveu ao desastre, mas teve uma perna amputada devido aos ferimentos. Sua carreira nos gramados foi interrompida, porém ele se reinventou. Após meses de recuperação, Follmann passou a usar prótese e tornou-se embaixador da Chapecoense, além de investir na carreira de cantor e palestrante motivacional. Em 2019, ganhou destaque ao vencer um reality show musical na TV brasileira, emocionando o país. Ele frequentemente destaca a gratidão pela nova chance de vida e homenageia os companheiros falecidos em suas aparições públicas.
- Hélio Zampier Neto (jogador, zagueiro): Conhecido como Neto, foi o último dos sobreviventes a ser encontrado nos destroços – os socorristas o resgataram horas após os demais, quando já não se esperava encontrar mais ninguém vivo. Neto teve múltiplas fraturas e trauma craniano. Permaneceu longo tempo internado em estado delicado, mas gradualmente se reabilitou. Chegou a voltar a caminhar e até cogitou retomar a carreira. Em 2018, voltou aos treinamentos com bola, porém acabou não retornando a jogar profissionalmente em partidas oficiais, por orientação médica. Neto se tornou uma voz ativa na luta por justiça às famílias e mantém viva a memória dos colegas, envolvido em projetos sociais e na administração esportiva.
- Rafael Henzel (jornalista): Único jornalista a sobreviver, Rafael era um experiente narrador de rádio. Teve lesões graves no tórax e pernas, mas recuperou-se e, incrivelmente, voltou a trabalhar poucos meses depois, narrando jogos da Chapecoense em 2017. Rafael escreveu um livro (“Viva Como se Estivesse de Partida”) relatando sua experiência de renascimento. Sua segunda chance foi, tragicamente, abreviada em 26 de março de 2019, quando ele faleceu aos 45 anos vítima de um infarto fulminante enquanto jogava futebol com amigos . Sua morte precoce comoveu novamente a cidade de Chapecó, que o tinha como um símbolo da tragédia e da superação.
- Ximena Suárez (comissária de bordo): Integrante da tripulação boliviana, Ximena, então com 27 anos, sofreu lesões mas sobreviveu. Ela relatou que, durante a queda, abraçou uma mala e assumiu posição fetal entre as poltronas – possivelmente uma das razões de ter resistido ao impacto . Ximena tornou-se uma figura conhecida na Bolívia, deu entrevistas contando os momentos finais do voo e chegou a escrever um livro de memórias. Nos anos seguintes, enfrentou dificuldades emocionais significativas e se afastou da aviação. Hoje se dedica à família e a compartilhar sua história de sobrevivência e fé.
- Erwin Tumiri (técnico de voo): Boliviano, então com 25 anos, fazia parte da tripulação técnica. Ficou conhecido por ter seguido protocolos de segurança durante a queda – manteve o cinto afivelado e a posição de impacto – o que pode ter salvado sua vida . Erwin teve ferimentos moderados (lesão no joelho e escoriações) e se recuperou. Sua história ganhou contornos quase inacreditáveis em março de 2021, quando sobreviveu a outro grave acidente: ele estava em um ônibus que despencou de um barranco na Bolívia, causando 21 mortes no local . Tumiri novamente escapou com vida, sofrendo apenas ferimentos relativamente leves. Ele atribuiu a sobrevivência à calma e às medidas de proteção que tomou nos segundos antes do impacto. Erwin se tornou um homem religioso e diz se sentir “abençoado” por ter sobrevivido a duas tragédias. Sua incrível sorte rendeu manchetes e ele passou a ser convidado para palestras sobre segurança e sobrevivência.
Esses seis sobreviventes tornaram-se símbolos da tragédia da Chapecoense. Cada aparição deles – seja retornando aos gramados, na mídia ou em eventos – emocionou torcedores no mundo todo. Eles carregam consigo a memória dos 71 que pereceram e ajudam a manter viva a história de 2016, lembrando dos colegas, amigos e familiares que se foram.
Consequências Emocionais, Jurídicas e Financeiras
Comoção Mundial: A tragédia com o voo da Chapecoense gerou uma onda global de comoção sem precedentes no esporte. Na manhã de 29 de novembro de 2016, o mundo despertou com a notícia do acidente e imediatamente manifestações de solidariedade e luto surgiram nos cinco continentes. No Brasil, o presidente Michel Temer decretou luto oficial de três dias em respeito às vítimas. Em Chapecó, milhares de pessoas espontaneamente se dirigiram à Arena Condá naquela noite para rezar, chorar e aguardar notícias, transformando o estádio num local de vigília e união.
Clubes de futebol do mundo inteiro prestaram homenagens. Grandes times como Real Madrid, Barcelona, Paris Saint-Germain, Liverpool, Boca Juniors, entre muitos outros, observaram um minuto de silêncio em treinos e jogos . Diversos clubes entraram em campo ostentando o escudo da Chapecoense em seus uniformes ou usando camisas verdes em tributo . Torcidas organizaram cantos e mosaicos de apoio. As capas de jornais esportivos, no dia 30/11, estamparam em peso manchetes de pesar – “Tragédia Aérea Devasta Chapecoense” foi o tom geral. Na Colômbia, a solidariedade foi enorme: milhares de colombianos foram ao Estádio Atanasio Girardot na noite em que seria realizada a final, para uma cerimônia emocionante em homenagem aos brasileiros, entoando cânticos de apoio e iluminando o céu com velas e celulares.
Torcida lota a Arena Condá em Chapecó na noite de 30 de novembro de 2016, em vigília pelas vítimas do voo. Faixas com a palavra “Guerreiros” e milhares de luzes prestam tributo emocionado aos eternos campeões.
Em 3 de dezembro de 2016, os corpos das vítimas brasileiras, após identificação e liberação na Colômbia, foram transportados em aviões da Força Aérea Brasileira de Medellín até Chapecó . Sob forte comoção, realizou-se um velório coletivo na Arena Condá, com a presença de mais de 20 mil pessoas sob chuva intensa. Caixões cobertos com as bandeiras do Brasil e da Chapecoense foram dispostos no gramado. Autoridades, incluindo o presidente da FIFA e do Brasil, compareceram. O clube Atlético Nacional, adversário que a Chape enfrentaria, enviou uma delegação e recebeu das arquibancadas aplausos de gratidão pelo apoio irrestrito que deram. A cena do cortejo dos caixões sob chuva, ladeado por guardas, jogadores e familiares, tornou-se talvez a imagem mais marcante dessa tragédia, representando as “lágrimas do mundo todo” caindo sobre Chapecó.
Solidariedade no Futebol: As demonstrações práticas de solidariedade também ocorreram. Já no dia seguinte ao acidente, os principais clubes do Brasil emitiram uma nota conjunta anunciando “medidas solidárias” à Chapecoense . Clubes como Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Flamengo, dentre outros, se comprometeram a emprestar jogadores gratuitamente para a Chapecoense na temporada seguinte e pleitearam junto à CBF que o clube de Chapecó ficasse isento do rebaixamento nas próximas três edições do Campeonato Brasileiro . Essa união sem precedentes visava ajudar a Chape a se reerguer esportivamente e financeiramente do zero, diante da perda de praticamente todo o elenco e comissão técnica. Embora a Chapecoense tenha agradecido e recebido alguns atletas por empréstimo, ela recusou formalmente a proteção contra rebaixamento, afirmando que competiria de igual para igual, por respeito ao esporte. Ainda assim, o gesto dos clubes ficará marcado na história como um grande exemplo de fair play e fraternidade no futebol.
A questão financeira do clube também sensibilizou torcedores de todo o mundo. Milhares de pessoas se associaram à Chapecoense nos meses seguintes, numa onda de apoio financeiro. Até o final de dezembro de 2016, o número de sócios do clube praticamente triplicou – saltando de cerca de 8.500 antes do acidente para mais de 24 mil, com outros 40 mil em lista de espera querendo se associar . Campanhas de arrecadação foram feitas para auxiliar as famílias das vítimas. Empresas e personalidades do esporte doaram recursos. A CONMEBOL, ao declarar a Chapecoense campeã da Sul-Americana (ver próximo capítulo), concedeu ao clube a premiação em dinheiro de campeão, no valor de 2 milhões de dólares, ajudando em sua reconstrução financeira.
No campo jurídico, a busca por justiça e indenizações foi (e continua sendo) complexa. As famílias dos jogadores e jornalistas falecidos moveram ações judiciais contra a LaMia e empresas envolvidas, enfrentando longas batalhas internacionais. A seguradora boliviana (Bisa) inicialmente ofereceu uma indenização padrão (cerca de US$ 165 mil por vítima), considerada muito baixa por muitos familiares – alguns recusaram e buscaram outros caminhos legais. Nos anos seguintes, diferentes ações tramitaram na Bolívia, no Brasil, no Reino Unido e nos EUA, tentando responsabilizar todas as partes (companhia aérea, seguradoras, intermediários e autoridades). Em meio a isso, a conclusão da CPI do Senado em 2022, mencionada anteriormente, pressionou para que as indenizações fossem pagas e levantou recomendações importantes para evitar que tragédias similares deixem famílias desamparadas. Graças à repercussão e aos esforços conjuntos, aos poucos algumas famílias receberam compensações parciais. Contudo, muitas ainda lutam por reparação integral, quase uma década após a tragédia. Esse aspecto jurídico-financeiro se tornou parte do legado do caso, evidenciando falhas nos seguros de voos fretados e a necessidade de protocolos mais rigorosos.
Em nível institucional, lições foram aprendidas. Competições internacionais passaram a ter atenção redobrada em relação aos planos de viagem dos clubes. A CONMEBOL estabeleceu normas para que clubes informem com antecedência seus itinerários aéreos e verifiquem a idoneidade das empresas contratadas para voos charter. A tragédia da Chapecoense não apenas comoveu, mas também serviu de alerta para aprimorar a segurança no transporte de delegações esportivas.
Reconstrução da Chapecoense (2017–2020)
Nos meses seguintes ao acidente, a Chapecoense teve de se reconstruir praticamente do zero em termos esportivos. Dos jogadores do elenco principal, 19 faleceram no acidente. Restaram apenas os três atletas sobreviventes (Ruschel, Neto e Follmann – sendo que Follmann não poderia voltar a jogar) e alguns poucos jogadores que não viajaram. Também a comissão técnica foi dizimada, incluindo o treinador Caio Júnior e auxiliares, assim como boa parte da diretoria. Era um cenário devastador para o clube, que precisou, ao mesmo tempo, cuidar do amparo às famílias enlutadas e montar um time de futebol competitivo em poucas semanas para a temporada 2017.
Sob comando do novo presidente Plínio David de Nes (empossado após a morte do presidente Sandro Pallaoro no desastre), o clube mobilizou a rede de solidariedade estabelecida. Vários jogadores foram emprestados por outras equipes gratuitamente. Treinadores experientes se ofereceram para ajudar. Em janeiro de 2017, a Chapecoense apresentou um elenco reformulado, mesclando alguns remanescentes, atletas das categorias de base promovidos e reforços vindos por empréstimo de outros clubes. Como técnico, contratou Vágner Mancini para liderar essa nova fase.
Mesmo com todas as dificuldades, a Chapecoense voltou a competir oficialmente já no final de janeiro de 2017, disputando o campeonato estadual. Impressionando a todos, o time reconstruído conquistou o Campeonato Catarinense de 2017, trazendo alguma alegria para a torcida em meio à dor. Internacionalmente, a Chapecoense foi reconhecida oficialmente como campeã da Copa Sul-Americana de 2016 – a CONMEBOL atendeu ao pedido do Atlético Nacional e concedeu o título à Chape em 5 de dezembro de 2016 , garantindo ao clube não só a honra do troféu inédito, mas também vagas automáticas na Libertadores 2017 e na Recopa Sul-Americana 2017.
Como campeã sul-americana, a Chapecoense disputou em 2017 partidas emblemáticas: enfrentou o Atlético Nacional pela Recopa (supercopa) em dois jogos repletos de homenagens (venceu o primeiro jogo em Chapecó por 2–1 e perdeu o segundo em Medellín por 4–1, ficando com o vice da Recopa) . Também participou pela primeira vez da Copa Libertadores da América. Dentro de campo, surpreendentemente, o “time de reconstrução” teve um desempenho digno: embora eliminado na fase de grupos da Libertadores, conseguiu se manter competitivo no Campeonato Brasileiro. Em dezembro de 2017, contrariando todas as expectativas, a Chapecoense terminou a Série A na 8ª colocação, uma campanha histórica para um clube de porte médio . Essa posição lhe garantiu nova classificação à Libertadores (edição de 2018). A façanha rendeu ao clube indicações a prêmios internacionais – a Chapecoense recebeu o prêmio Laureus de “Melhor Momento Esportivo de 2017”, em reconhecimento ao retorno simbólico dos sobreviventes aos gramados .
Os anos seguintes tiveram altos e baixos. Em 2018, a Chapecoense continuou lutando bravamente na Série A, escapando do rebaixamento na última rodada com um estádio lotado empurrando o time . Contudo, em 2019, a equipe enfim não conseguiu evitar a queda: foi rebaixada à Série B do Brasileiro, encerrando uma sequência de seis anos na elite. A diretoria, porém, manteve o planejamento de soerguimento e o clube conquistou o título da Série B em 2020, retornando imediatamente à primeira divisão em 2021 . Esse título da Série B de 2020 foi inédito e muito celebrado, mostrando que, esportivamente, a Chapecoense conseguia se reinventar mais uma vez.
Mesmo com as dificuldades financeiras e estruturais – agravadas pela tragédia – a Chapecoense conseguiu se estabilizar em médio prazo: quitou dívidas emergenciais com a ajuda de doações e novas receitas, investiu na base e manteve forte identificação com a comunidade local. Até hoje, muitos dos profissionais que trabalharam na reconstrução (dirigentes, comissão técnica, jogadores) mencionam que o espírito de união pós-tragédia foi fundamental para o clube continuar existindo. O canto “Vamos, Vamos Chape” ecoou nos estádios do Brasil inteiro em diversos momentos, simbolizando que a Chapecoense, apesar das perdas irreparáveis, seguiu em frente honrando a memória de seus “Eternos Campeões”.
Homenagens, Legado e Impacto Cultural da Tragédia
A tragédia da Chapecoense deixou um legado que vai além das quatro linhas do campo. As homenagens e aprendizados provenientes do desastre de 2016 marcaram profundamente o futebol e a cultura popular.
Títulos Honorários e Prêmios: Logo após o acidente, o Atlético Nacional de Medellín, num gesto de grandeza esportiva, solicitou formalmente que o título da Copa Sul-Americana de 2016 fosse entregue à Chapecoense como homenagem póstuma . A CONMEBOL acatou o pedido e declarou a Chapecoense campeã do torneio , entregando a taça ao clube brasileiro. Este gesto de fair play levou o Atlético Nacional a receber da FIFA o prêmio Fair Play de 2017, reconhecimento máximo por sua atitude altruísta. Em 2017, a Chapecoense também foi convidada pela FIFA para participar do FIFA Congress e contar sua história de superação aos representantes do mundo todo. A solidariedade entre os clubes envolvidos tornou-se um exemplo nos anais do esporte.
Homenagens ao Redor do Mundo: Inúmeras homenagens permanentes foram realizadas. Em Chapecó, a Arena Condá ganhou um memorial às vítimas, com placas e um espaço dedicado à memória dos que partiram. O troféu da Copa Sul-Americana conquistado em 2016 pelo clube permanece exposto com destaque, simbolizando o “campeonato da solidariedade”. Na Colômbia, a cidade de Medellín adotou Chapecó como cidade-irmã em dezembro de 2016, fortalecendo um laço fraterno entre as duas comunidades . Uma praça nos arredores do Estádio Atanasio Girardot foi batizada em homenagem à Chapecoense.
Diversos atletas e personalidades batizaram seus filhos com nomes em tributo a jogadores falecidos, e crianças nascidas em Chapecó naquele final de 2016 receberam nomes como Arthur, Lucas ou Guilherme em lembrança aos ídolos perdidos. No Brasil, estátuas e monumentos foram erguidos: na cidade de Chapecó, um monumento com 71 estrelas e uma estátua de um anjo segurando uma bola homenageiam as vítimas.
O impacto cultural foi sentido nas artes e na mídia. Documentários e filmes foram produzidos: “Para Sempre Chape” (2018) é um documentário oficial contando a saga do clube antes e depois do acidente . Em 2019, um episódio da série internacional “Mayday! Desastres Aéreos” (Air Crash Investigation) reconstituiu de forma minuciosa o acidente da Chapecoense, levando essa história ao público global da National Geographic . Livros como “Voo 2933: a tragédia da Chapecoense” e “Enquanto o Céu Não Me Explica” foram publicados por jornalistas e sobreviventes, registrando memórias e investigando as causas.
No âmbito do futebol, a tragédia da Chapecoense é constantemente relembrada ao lado de outras ocorridas no passado, como a do Torino (Superga, 1949) e do Manchester United (Munique, 1958). A Chapecoense tornou-se, tragicamente, parte desse grupo de clubes marcados por um infortúnio aéreo. Assim como aqueles, conseguiu se reerguer e continuar existindo, o que inspira respeito mundial. Em muitas partidas internacionais, mesmo anos depois, é possível ver torcedores com a camisa da Chape ou faixas verdes exibindo o nome do clube – uma demonstração de que a simpatia gerada pela comoção de 2016 perdura.
Legado em Segurança e União: No aspecto da segurança aérea, o desastre acionou alertas importantes. Clubes e confederações passaram a ser mais rigorosos na fiscalização de voos fretados de equipes esportivas. O caso Chapecoense é estudado em cursos de aviação como exemplo dos riscos de planejamento inadequado de combustível, e diversas companhias aéreas reforçaram protocolos para evitar repetição de algo similar. Por outro lado, o legado humano mais forte foi a união e solidariedade no esporte. A maneira como rivais se abraçaram em prol da Chapecoense mostrou que há valores que transcendem a competição. Esse espírito solidário foi lembrado em 2021, quando, cinco anos após a tragédia, a Chapecoense conquistou novamente o acesso à Série A do Brasileiro: clubes e torcedores de todo o país parabenizaram efusivamente, comemorando não apenas um resultado esportivo, mas o triunfo da perseverança sobre a adversidade.
A frase “#ForçaChape” que viralizou nas redes sociais logo após o acidente, e o coro “Vamo, Vamo Chape” entoado em tantos estádios, seguem simbolizando a capacidade do esporte de unir as pessoas em torno da empatia. A história da Chapecoense em 2016 é dolorosa, mas seu legado é um lembrete poderoso de humanidade, coragem e memória. Os eternos campeões de Chapecó jamais serão esquecidos.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre a Tragédia da Chapecoense
Q1: Quando e onde ocorreu o acidente com o voo da Chapecoense?
A: O desastre ocorreu na noite de 28 de novembro de 2016, nas proximidades de Medellín, na Colômbia. O avião que levava o time da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana caiu pouco antes do pouso, numa região montanhosa chamada Cerro Gordo, a cerca de 17 km do Aeroporto José María Córdova . A queda aconteceu por volta das 22h15 (horário local colombiano).
Q2: Qual foi a causa do acidente do voo da Chapecoense?
A: A investigação oficial concluiu que a causa imediata foi falta de combustível, resultante de planejamento de voo inadequado . O jato Avro RJ85 da LaMia decolou sem a reserva de combustível exigida para uma viagem tão longa, e não fez escala para reabastecimento. Ao se aproximar de Medellín, ficou sem combustível, levando à falha total dos motores e à queda da aeronave. Fatores contribuintes incluíram falhas da empresa (LaMia) em seguir normas de segurança, decisão dos pilotos de prosseguir sem escala e atraso em declarar emergência . Não houve quaisquer falhas mecânicas significativas no avião nem condições meteorológicas extremas – o fator humano foi determinante.
Q3: Quantas pessoas morreram e quantas sobreviveram?
A: Havia 77 pessoas a bordo (68 passageiros e 9 tripulantes). 71 pessoas faleceram no acidente , incluindo jogadores, comissão técnica, dirigentes, convidados e jornalistas brasileiros, além de membros da tripulação boliviana. Seis pessoas sobreviveram – os jogadores Alan Ruschel, Hélio “Neto” Zampier e Jackson Follmann; o jornalista Rafael Henzel; e os tripulantes Ximena Suárez e Erwin Tumiri . Infelizmente, o goleiro Danilo inicialmente sobreviveu à queda, mas morreu pouco depois no hospital devido aos ferimentos, entrando na contagem das 71 vítimas fatais.
Q4: Os familiares das vítimas receberam indenizações?
A: O processo de indenização tem sido complexo e demorado. A companhia aérea LaMia possuía um seguro, mas surgiram problemas burocráticos e jurídicos envolvendo a seguradora (Bisa, da Bolívia) e as resseguradoras internacionais. Algumas famílias aceitaram acordos iniciais, mas outras entraram com ações judiciais buscando reparações maiores, alegando negligência grave. Em 2022, uma CPI no Senado brasileiro responsabilizou cinco empresas (incluindo seguradoras) por falhas na apólice e cobrou o pagamento devido às famílias . Até o momento, parte das indenizações foi paga, mas muitas famílias ainda lutam na Justiça. Em resumo, houve ajuda financeira emergencial e doações espontâneas que ampararam as famílias, porém a indenização formal – via seguro – tornou-se uma batalha legal internacional que ainda não se concluiu integralmente.
Q5: Que homenagens foram feitas e qual foi o legado deixado pela tragédia?
A: As homenagens foram numerosas. A Chapecoense foi declarada campeã da Copa Sul-Americana de 2016 pela CONMEBOL, a pedido do Atlético Nacional , e recebeu a taça em meio a honras póstumas aos atletas. Pelo gesto, o Atlético Nacional recebeu da FIFA o prêmio Fair Play. Ao redor do mundo, estádios fizeram minutos de silêncio, clubes vestiram o escudo da Chape e torcidas cantaram “Força Chape” em solidariedade . Em Chapecó, monumentos e memoriais eternizam os 71 anjos perdidos. Culturalmente, livros, documentários (“Para Sempre Chape”) e episódios de séries abordaram o acidente, mantendo a memória viva. O legado principal foi de união e solidariedade no esporte – a tragédia mostrou como o futebol pode unir na dor, e deixou lições importantes de segurança aérea. A história da Chapecoense passou a simbolizar perseverança: o clube foi reconstruído e continuou competindo, honrando aqueles que partiram e inspirando pessoas no mundo todo com sua resiliência.
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